Apaixonado por moda e boas histórias, o estilista Ícaro Tropo vem se destacando na região

O estilista Ícaro Tropo, vem se destacando na região no ramo da moda. No entanto, não é de hoje, que esse amor pela moda e a costura o ajudaram a ser quem ele é.

Exímio modelista e apaixonado por boas histórias, o joseense de coração percorreu um longo percurso de auto aprendizado até chegar a ter o seu próprio ateliê.

Ícaro nos contou quando iniciou sua trajetória e revelou como sua vivência com a moda o fez ganhar ainda mais espaço, não só na região do Vale do Paraíba, mas também na capital em São Paulo.

Perguntas:

1. Quando começou o seu interesse por moda?
   R. Eu venho de família de costureiras, lado da minha mãe minha avó materna e algumas tias todas trabalhavam com costuras, minha avó quando eu era adolescente tinha acabado de fazer a transição, quando as confecções começaram a usar oficinas externas, ou seja lembro disso, ela trazendo oficina para dentro de casa, depois de anos trabalhando na empresa, depois construiu o lugar certo e o movimento de entra e sai de cortes, isso é forte na minha memória, e logo que a gente estava por perto ajudava cortar elásticos, linhas e por ai vai. Eu era encantado com as possibilidades de em pegar tecidos e fazer uma roupa, achava o máximo. Porém, logo comecei a criar coisas e ficava tentando uma vaga que geralmente era aos domingos, e elas (vó e tias) me ajudavam. Era bem legal, porém na época entrei no curso de Turismo que estava muito forte, depois no segundo semestre pedi transferência e fui estudar moda, porém só nesse momento que tive a dimensão do que isso significava, antes era só badalação looks para ser diferentes, não tinha a preocupação de entender o verdadeiro sentido da moda. Depois que percebi que tinha que estudar muito, ter bagagem, ter repertório, cultura, arte, religião, política, etnias e outros assuntos que fazem a moda ser o referencial de personalidade, experiência singular, isso sem falar nas dinâmicas práticas, tecidos, desenhos, modelagens e costuras. Confesso que foi muito puxado, difícil esse processo levou uns bons anos.
2. Como está sendo essa notoriedade que você vem ganhando aqui na região?
   R. Eu demorei muito, muito mesmo para ser o cara da internet. Confesso que até hoje ainda não sou o que mais posta, mais divulga, eu ainda tenho muito cuidado com imagem, no sentido de querer produzir uma boa foto, sabe quando a gente chama modelo, maquiador e fotografo, então me saboto nesse sentido, óbvio que não é mais assim, não tenho esse tempo nem essa disposição o tempo todo, então as coisas vão acontecendo ao natural. Acredito que seja as conexões que ajudam a dar notoriedade, uma cliente que usa o look, posta e assim outros vem seguindo. As clientes geralmente viram amigas, e assim vai, eu amo São José, a cidade me acolheu, me abraçou então foi uma situação recíproca sem muito truque, foi acontecendo, e esse povo é muito festeiro, gente bonita que gosta de muitas fotos, vida social ativa isso para moda, é um banquete.
3. Quais foram os principais desafios que você tem enfrentado nesse ramo de alta costura?
   R. Olha, não acho que faço alta costura, arrisco a dizer que no Brasil ninguém faz no sentido do respeito que isso significa, tem excelentes coleções, marcas brasileiras maravilhosas, porém alta costura no Brasil é sempre uma questão de debate. Eu não tenho essa pretensão sou mais humilde, vivo vida real, minhas celebridades são minhas clientes que almejam algo que valorizam a silhueta (seja ela qual for), os desafios existem em todos os setores da moda, o consumo, a sustentabilidade, desafios climáticos esses só para começar. Eu trabalhei em confecções e sempre foi isso, sempre teve essas questões. Eu vou me reinventando, meu foco sempre foi costurar, fazer roupas, e esse tipo de demanda mudou ainda mais. Gosto de trabalhar com produtos sazonais peças únicas e diferenciadas. Também tenho outros serviços, como o atendimento a domicílio para ajustes e consertos (sustentabilidade), organização de closets, dou aulas de costura, incentivo projetos para as novas gerações, compartilhando conhecimento que é o que tem de mais moderno.
4. Qual a sua maior inspiração no mundo da moda? R. Sou Geminiano, observo tudo, gosto de tudo, arte, gastronomia, filmes, músicas e por aí vai. Sou bastante sensitivo, isso facilita, antes era questão de pesquisar, estudar referências e ver o que seria as tendências, hoje tudo isso acabou, pois tem mais os que copiam, mas também temos muitas referências marcantes, ou seja, é um caldeirão de inspirações. O meu maior foco sempre foi a individualidade do ser, então o que mais me inspira são pessoas, como elas reagem a tudo isso, com esse meu trabalho, então acabo estudando muito o perfil, assim consigo atender de forma mais pessoal cada cliente.
5. Atualmente, como funciona o seu atendimento nas cidades aqui do Vale do Paraíba e na Capital?
   R. Geralmente eu começo a conversa online, vamos trocando ideias, referências, acompanhando as agendas. Depois se for preciso eu tiro as medidas e faço a prova. Alguns clientes são 100% Delivery já, tudo online por conta da vida corrida de todos. Então resolvo tudo para o cliente, compro tecidos, mando fotos e depois entrego, sem drama e sem sofrimento, pois esse processo tem que ser leve, prático e alegre.
6. E por fim o que é a moda para Ícaro Tropo?
   R. Com toda a certeza é a transformação, renovação, transição, comunicação e informação. A roupa tem o papel óbvio de vestir o corpo, isso faz sentido em uma boa fase da vida, porém em algumas situações você precisa de moda e não de roupa, sabe aquela situação da sua melhor versão, ou do eu de ontem que não conhece mais o eu de hoje. O indivíduo está sempre em evolução e a moda tem o combinado de acompanhar, tem que ser assim, tendências não fazem o menor sentido para todos, ninguém é você, e você não é todo mundo, através da moda isso pode ficar ainda mais explícito. O código de vestimenta é só seu!