Você e seu nome
Já tentou pedir uma explicação para seus pais sobre o porquê de terem feito essa escolha? Muita gente tem dúvidas sobre a qualidade da combinação…
Já tentou pedir uma explicação para seus pais sobre o porquê de terem feito essa escolha?
Muita gente tem dúvidas sobre a qualidade da combinação ideal dos nomes. No caso de compostos, então, nem se fala. Quando se dão conta de que se chamam “Débora Suely”, ou “Frederico Carlos”, ou “Flávio Sérgio”, ficam se perguntando o que levou os pais a reunirem numa só pessoa dois nomes tão distintos, numa possível homenagem a pessoas queridas de seus convívios mais próximos.
Nada contra as “Déboras” ou os “Carlos” (até porque sou um), mas é que a arte de casar perfeitamente ‘nome, segundo nome e sobrenome’ tem lá sua lógica e a exigência de uma razoável dose de bom senso na hora da escolha.
Adoro descobrir as combinações que alguns pais tentam fazer para homenagear a ambos na figura do rebento amado. É assim que surgem nomes como “Vladenilton”, filho de um casal de amigos, a Vladenora e o Adenilton, eles mesmos com denominações oriundas de combinações paternas anteriores (nesse caso, parece até herança cultural de família).
Lembro também da Josicleide, filha do Josimar e da Cleide, velhos e sorridentes amigos de meus tempos de Juiz de Fora.
Meu próprio irmão mais velho, o Nielson, faz todos os dias uma homenagem a nossos pais, D. Nila e seu Delson, na hora de assinar um documento qualquer.
De um lado, combinações inusitadas; de outro, simplicidade e economia de palavras. Se há quem tenha até quatro nomes compostos, há, no outro extremo, quem se chame apenas João, ou Antônio, ou Pedro (geralmente em homenagem a santos ou figuras significativas na vida dos pais), seguido do sobrenome, a “marca” da família.
Achou pouco? Então relembremos o nome completo do imperador D. Pedro I: Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon. Que tal alguém com um nome desse hoje em dia?!
Interessante é ouvir uma conversa entre quem detesta a fileira de termos que o identificam com outro que faria de tudo para correr até um cartório e acrescentar pelo menos mais um nomezinho ao único que o identifica diante dos outros.
Triste é ver a batalha dos que decidiram que o nome que têm é um dos grandes empecilhos que carregam para ser totalmente felizes. Quando, depois de uma longa batalha, conseguem retirar aquele termo que detestam, relaxam como se tivessem retirado um grande fardo das costas.
Foi o que fez a Renegilda, amiga de adolescência. Decidiu que a primeira parte do nome, “Renê”, era o seu mal. Arrancou-o fora e seguiu a vida, feliz só com a “Gilda”.
Pior é quando os pequeninos são alvos de tributos a grandes heróis ou personagens macabros da história. Um amigo, funcionário de um cartório, mostrou-me alguns desses designativos. Não pude esquecer o “Adolfo Hitler de Oliveira”; chamou-me atenção também a “Prudentina Magdala Prostituta de Jesus”, ou então “Sócrates Platão Amigos do Aliás”. Incrível, não!
O fato é que o nome é um marco na identidade do ser humano. Segundo o escritor americano Dale Carnegie, ele é, para qualquer um, o som mais importante e o mais doce em qualquer língua.
Chamar alguém pelo nome é reconhecer sua identidade. É nosso “carimbo” existencial, através e em torno do qual vamos elaborando nossa trajetória na vida.
Se você quiser dar um brilho especial a suas relações na vida, chame seu interlocutor pelo nome e dê a devida importância a esse encontro. É um importante detalhe a ser lembrado para melhorar sua comunicação, além de dar a ele a confirmação de que você o considera como sujeito.
Espero que você mantenha uma relação amigável com o seu nome, afinal, uma preocupação a menos na nossa cabeça é sempre bom para que a vida siga mais leve e agradável de ser vivida.
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