Trump anuncia tarifa de 50% sobre produtos do Brasil
Em uma carta endereçada a Lula, publicada na rede social, o presidente americano atribuiu a cobrança à postura do STF com o ex-presidente Jair Bolsonaro
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (09) uma tarifa de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil.
Anteriormente, Trump havia ameaçado os países membros do Brics com uma tarifa de 10%, valor cinco vezes inferior à alíquota anunciada.
Em uma carta publicada na sua rede social, Trump justificou a decisão “em parte pelos ataques insidiosos do Brasil contra as eleições livres e os direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos.”
Na carta, Trump diz que determinou a abertura de uma investigação contra a Seção 301 do Brasil por práticas comerciais desleais ou injustas.
A Seção 301 é um dispositivo da Lei de Comércio de 1974 dos Estados Unidos. A norma prevê a apuração de práticas estrangeiras desleais que afetam o comércio americano. Na prática, a medida funciona como um mecanismo de pressão internacional para defender os interesses dos EUA.
O dispositivo estabelece um procedimento conduzido pelo Representante de Comércio dos Estados Unidos para verificar se algum governo estrangeiro está adotando práticas abusivas contra o país.
Inicialmente, o Brasil estava previsto para enfrentar uma tarifa mínima de 10%, conforme o plano de tarifas “recíprocas” anunciado por Trump em abril.
De uma leva de tarifas que o presidente dos EUA anunciou nesta semana, esta é a mais alta até o momento.
O anúncio veio poucos dias após Donald Trump ameaçar impor tarifas adicionais aos países membros do BRICS — grupo de nações emergentes — por suas supostas “políticas antiamericanas”, em meio à cúpula de líderes do grupo realizada no Rio de Janeiro.
Na declaração oficial do encontro, os líderes do BRICS, sob a presidência de Lula, criticaram as políticas tarifárias que distorcem o comércio e os ataques militares contra o Irã — posições que entraram em conflito com Trump, ainda que o grupo tenha evitado confrontos diretos com os Estados Unidos.
Após praticamente não mencionar o Brasil nos primeiros meses de seu mandato, Trump saiu em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro na segunda-feira, acusando o país sul-americano de perseguição política ao ex-mandatário de direita, que enfrenta um julgamento iminente por tentativa de golpe.
Na carta, Trump reiterou seu apelo para que as autoridades brasileiras retirem as acusações contra Bolsonaro relacionadas à tentativa de golpe.
“Esse julgamento não deveria estar acontecendo. É uma caçada às bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!”, escreveu Trump.
Lula respondeu ao final da cúpula do BRICS, na segunda-feira, dizendo que Trump deveria “cuidar dos próprios assuntos” em relação ao Brasil e classificando como “irresponsável” a ameaça de tarifas feita pelo ex-presidente dos EUA nas redes sociais.
Lula também convocou os líderes mundiais a buscarem alternativas para reduzir a dependência do comércio internacional em relação ao dólar.
Antes do anúncio oficial das tarifas, o vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que não via motivo para um aumento, já que os Estados Unidos registram superávit comercial com o Brasil.
No início da semana, Trump manteve a tarifa original aplicada à África do Sul, outro membro do BRICS. Além de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — os fundadores —, o bloco agora inclui também Etiópia, Egito, Irã, Indonésia e Emirados Árabes Unidos.
Foto: Reprodução
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