Reurbanização pós-pandemia
Selma Tammaro atua há 40 anos no mercado de arquitetura e contabiliza, em seu portfólio, mais de 700 projetos assinados. Conhecida por promover um estilo…
Selma Tammaro atua há 40 anos no mercado de arquitetura e contabiliza, em seu portfólio, mais de 700 projetos assinados. Conhecida por promover um estilo contemporâneo, leve e que faz uso da cor como uma aliada, extensão natural e harmoniosa dos ambientes, ela nos conta um pouco sobre sua visão da reurbanização que houve e está em andamento acelerado em todas as áreas que ela visita.
Para iniciar nossa conversa, perguntei um pouco sobre seus contatos com clientes e como ela desenvolve seus atendimentos, suas referências e seu estilo. Para Selma, a principal referência sempre é o cliente. Através de conversas, ela vai identificando os sonhos e valores para que o projeto tenha o seu DNA. Uma boa conversa com profundidade com o seu cliente, para ela, é o pilar principal para desenvolver um bom trabalho.
Quanto aos desafios, ela entende que “desenhar um projeto para uma família de 4 pessoas, por exemplo, é um enorme desafio, são 4 DNAs diferentes e tenho que ter muita sensibilidade para perceber as sutilezas de cada um em nossas conversas.”
Também perguntei a ela sobre como foi a escolha pela profissão e me surpreendi com sua história. Quando mais jovem, ela tinha o sonho de ser cientista e, quem sabe, trabalhar na NASA, mas, no meio do caminho, descobriu a arquitetura, que, segundo ela, apesar de ser uma área da ciências humanas, é preciso muita exatidão ao profissional de Arquitetura. Em relação aos seus projetos, ela nos contou. “O projeto não é um sonho, ele é um desenho técnico totalmente detalhado, que envolve cálculos e depois a parte poética e sonhadora, que é a parte mais bucólica do projeto.”
Atualmente ela atua em 3 regiões distintas e prósperas do segmento de Arquitetura: São Paulo e grandes centros urbanos, Litoral e Interior. Foi daí que ela nos trouxe essa visão do pós-pandemia.
Nos grandes centros urbanos, seus projetos geralmente são de residências permanentes, as quais existe uma rotina mais rígida no dia a dia.
Já no litoral, as residências são mais temporárias e os projetos mais adaptados ao conforto e lazer, transmitindo tranquilidade. No entanto, para o profissional de arquitetura, é aí que estão os maiores desafios, pois é uma região que exige um cuidado maior na escolha de produtos que serão utilizados no projeto. Selma faz um controle rígido dos materiais, buscando a qualidade e, principalmente, a durabilidade. Ela busca excelência nos produtos que serão aplicados nessas obras e nos conta: “Faço isso para que o cliente, ao ir para sua casa de veraneio, possa realmente descansar e não ficar encontrando problemas”.
Já os projetos no interior são os que buscam paz, tranquilidade, com um “desacelerar da rotina”. Para ela, como profissional, não é necessário tanta rigidez nos materiais, mas é imprescindível que o profissional se atente às necessidades que o local exige. Ela relata, por exemplo, que “geralmente são casas em condomínios fechados, que são mais afastados dos centros comerciais e isso precisa ser pensado e planejado para que haja um conforto ao cliente”.
Nessas 3 áreas, Selma identificou um padrão de comportamento em seus clientes no pós-pandemia: a questão do home office, que veio para ficar, mudou a forma de seus clientes escolherem os projetos. Eles passaram a procurar, no interior e no litoral, residências que proporcionem para eles o mesmo conforto que tinha em sua casa na capital. Assim, seu cliente, que antes ficava sempre na capital, com o trabalho remoto e em muitos casos híbrido (trabalha alguns dias presencialmente e outros, de forma remota), pode estar em outros lugares que não a sua casa, mas consegue manter sua rotina. “Após a pandemia houve uma mudança de conceito em relação à produtividade, em que o fato de se priorizar a tranquilidade e o lazer gerou a possibilidade de se trabalhar menos horas, porém com mais qualidade”, nos contou.
Com essa mudança de paradigma, o crescimento acelerado no interior e no litoral tem sido bem observado. No caso do litoral, há um crescimento mais vertical, com muitos prédios sendo lançados e, no interior, um crescimento horizontal, com grandes condomínios fechados, mais afastados da área urbana.
Foi um prazer ter esse bate-papo com a Selma, que nos mostrou um pouco sobre tudo que ela tem observado ao longo de sua experiência na Arquitetura.
Confiram as lindas fotos de seus projetos!
Até a próxima!
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