Prefeitos de São José dos Campos que já enfrentaram pedidos de cassação
Segundo a Lei Orgânica do Município, o prefeito pode ser cassado se comprovadas infrações político-administrativas, como desrespeito à Constituição, omissão na prestação de contas ou atos lesivos ao erário
Foto: Reprodução
São José dos Campos, considerada a “Capital do Vale do Paraíba”, tem uma trajetória política marcada por avanços, mas também por momentos de crise e disputas acaloradas no Legislativo. Ao longo das últimas décadas, diferentes prefeitos da cidade enfrentaram pedidos de cassação.
Anderson Farias (PSD) – 2025
O atual prefeito, Anderson Farias, vive um dos episódios mais recentes dessa história. Dois pedidos de cassação foram protocolados na Câmara Municipal em outubro de 2025, por supostas infrações político-administrativas.
As denúncias apontam possíveis irregularidades em nomeações de cargos comissionados e alegam conflitos de interesse envolvendo relações pessoais e familiares. Os documentos foram apresentados pela presidente do PL Mulher, Paula Custódio, conhecida como “Preta Conservadora”, e pelo advogado Hilton Cardoso dos Santos.
Entre os casos citados está a nomeação de uma servidora da Saúde com quem o prefeito teria mantido relacionamento extraconjugal, além de nomeações de pessoas próximas ao círculo familiar. A defesa do prefeito nega favorecimento e afirma que todas as nomeações seguiram critérios técnicos.
Os pedidos estão sendo analisados pela Procuradoria Legislativa da Câmara, que avaliará se há elementos suficientes para instaurar uma Comissão Processante. O desfecho deve ocorrer nas próximas semanas, e o caso já mobiliza tanto a base governista quanto a oposição.
Felício Ramuth (PSD) – 2019
Durante o mandato do então prefeito Felício Ramuth, também houve pedido de cassação apresentado por um munícipe. O documento, no entanto, foi rejeitado pela Câmara Municipal, que considerou a documentação incompleta e arquivou o caso ainda na fase inicial.
Carlinhos Almeida (PT) – 2016
Antes de Anderson Farias, outro prefeito da cidade também enfrentou tentativa de cassação. Em 2016, o então prefeito Carlinhos Almeida (PT) foi alvo de um pedido protocolado por munícipes que o acusavam de irregularidades na gestão e de suposto descumprimento de princípios administrativos, especialmente em uma licitação para compra de kits escolares.
Na época, a denúncia não prosperou: a Câmara rejeitou o pedido ainda na fase inicial, entendendo que não havia base legal para abertura de uma Comissão Processante. Mesmo assim, o episódio marcou o último ano de mandato de Carlinhos, que enfrentava forte desgaste político após a crise financeira que afetou o município e cortes em áreas como saúde e transporte público.
Apesar de não ter sido cassado, o caso contribuiu para um enfraquecimento político que culminou em sua derrota nas eleições daquele ano.
Ângela Guadagnin (PT) – 1993 a 1996
Um dos capítulos mais intensos da história política joseense ocorreu durante o mandato da então prefeita Ângela Guadagnin (PT), que governou entre 1993 e 1996.
Durante sua gestão, Ângela enfrentou três processos de cassação. Em um deles — o mais barulhento e politicamente tenso — a Câmara Municipal aceitou o pedido de investigação e abriu uma Comissão Especial de Investigação (CEI).
Para a abertura de uma CEI, são necessários 11 votos (maioria absoluta) dos vereadores. Após a investigação, a comissão apresenta um parecer final, que é levado a plenário.
No caso de Ângela, o parecer foi votado, mas o plenário não atingiu os 14 votos necessários (dois terços do total) para cassação. Com isso, ela foi absolvida e permaneceu no cargo até o fim do mandato.
Cassações na história joseense: um reflexo da tensão política
Os pedidos de cassação contra prefeitos em São José dos Campos, embora raramente resultem na perda de mandato, refletem o alto nível de tensão política da cidade e o constante embate entre governo e oposição.


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