Pela primeira vez, pulmão de porco é transplantado para corpo humano
Órgão funcionou por nove dias em homem em morte cerebral; experimento reforça avanços nos xenotransplantes, mas técnica ainda não pode ser aplicada em pacientes vivos
A falta de órgãos humanos disponíveis para transplante tem levado a ciência a buscar outras alternativas. Agora, pesquisadores deram um grande passo: transplantaram um pulmão de porco geneticamente modificado para o corpo de um homem de 39 anos em morte cerebral.
O procedimento, chamado xenotransplante, consiste no uso de órgãos de animais em seres humanos. No caso, o pulmão do porco recebeu seis modificações genéticas para tentar reduzir a rejeição.
Como foi o transplante
- O transplante foi feito com autorização da família do paciente.
- O órgão não foi rejeitado de imediato.
- No 1º dia, surgiram sinais de inflamação e líquido acumulado.
- No 3º dia, os anticorpos começaram a atacar o pulmão.
- Mesmo assim, o órgão permaneceu funcionando por nove dias.
Segundo os pesquisadores, o resultado é considerado um avanço porque mostra que é possível manter o órgão ativo por um período relevante. Mas ainda há grandes desafios para impedir a rejeição do corpo humano.
Avanços com órgãos de porcos
Esse não foi o primeiro teste do tipo:
- Em 2021, um rim de porco transplantado para um humano sem rejeição imediata;
- Em 2022, córneas feitas de colágeno de porco devolveram a visão a 20 pessoas;
- E, em 2024, rim de porco foi transplantado para um paciente vivo.
Especialistas lembram que, apesar do avanço, pulmões de porco ainda não podem ser usados em pacientes vivos. Os riscos de rejeição são altos e o processo de evolução dos xenotransplantes será gradual e lento.
“Não está claro se o pulmão poderia se manter em um paciente sem suporte de vida”, destacou Richard Pierson III, cirurgião de transplante torácico do Massachusetts General Hospital, à CNN.
Mesmo com limitações, o estudo reforça que xenotransplantes de pulmão são possíveis e podem, no futuro, ajudar a reduzir a fila de transplantes no mundo. Mas, por enquanto, permanecem apenas em fase experimental.
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