O preconceito contra a amamentação e a importância de quebrar mitos
Apesar dos avanços nas discussões sobre maternidade, amamentar ainda carrega julgamentos, mitos e falta de suporte adequado, mas especialistas e mães acreditam que o cenário está mudando
A amamentação significa, para muitas mães, mais do que um ato de nutrir. Para Karen Vicente, mãe do pequeno Ollie, de 1 ano e 4 meses, e estudante de Ciências Sociais, o leite materno é “o alimento mais importante do mundo”.
“Além de nutrir, é um vínculo único na maternidade entre mãe e filho. Salvo alguns casos, acho indispensável o aleitamento materno”, afirma Karen, que recebeu apoio de enfermeiras apenas no momento da maternidade.
No entanto, ela aponta que o período é cercado por “terrorismo” sobre as dificuldades, o que pode gerar insegurança nas gestantes. “Se estudar um pouquinho e ter paciência, é gratificante”, completa.
Karen já enfrentou situações de julgamento, especialmente ao amamentar em público. “Acredito que pessoas mais velhas ainda veem como algo polêmico, inapropriado ou vulgar”, conta.
Apesar disso, ela nota uma mudança. “Hoje há uma transformação significativa na forma como as pessoas enxergam a amamentação. As redes sociais ajudaram a polarizar e dar mais visibilidade à importância desse ato.”
O papel crucial do apoio logo nas primeiras horas
Para a doula Gabriela Gregório, facilitadora em amamentação, o sucesso do aleitamento começa no início. Ela explica que a primeira hora de vida é essencial:
“Favorecer a amamentação nesse momento estimula a descida do leite, reduz riscos de hemorragia e permite que o bebê receba o colostro, rico em nutrientes e anticorpos.”
Além disso, o apoio emocional e informativo é indispensável. “Amamentar não é só colocar o bebê no peito. É preciso manejo adequado, informação de qualidade e profissionais capacitados”, reforça.
Gabriela destaca que um dos mitos que mais assombra as mães de primeira viagem é de que “o leite materno é fraco”.
“Ele é produzido exclusivamente para alimentar o bebê, nutrir, hidratar e proteger. E não vira ‘água’ com o tempo, ele se adapta às necessidades do lactente, seja em seis meses ou cinco anos de amamentação.”
Segundo a doula, profissionais desatualizados ou despreparados podem prejudicar a amamentação, trazendo consequências para mãe e bebê. Por isso, ela defende a busca por consultores qualificados e sempre atualizados.
“Não existe receita pronta. Cada dupla mãe-bebê está se conhecendo e aprendendo. Individualizar o atendimento é a chave.”
Tanto mães quanto profissionais concordam: quebrar preconceitos e mitos exige diálogo, visibilidade e acesso a informação confiável.
Com mais apoio desde a gestação e respeito à amamentação em qualquer espaço, o ato de nutrir e criar vínculo pode deixar de ser visto com estranhamento e passar a ser reconhecido como o gesto natural e essencial que é.
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