No dia do combate ao colesterol: Veja os erros alimentares mais comuns entre os brasileiros

Neste 8 de agosto, Dia Nacional de Combate ao Colesterol, o Portal Aqui Vale conversou com duas nutricionistas do Vale do Paraíba para responder a uma pergunta que interessa a todos: “Nossa comida faz bem para a saúde?”

As especialistas Larissa Bettoni e Mônica Stockler analisaram a alimentação do brasileiro, com foco nos hábitos de quem vive em São Paulo, e deram dicas de como manter o sabor no prato sem abrir mão da saúde cardiovascular.

Alimentação do paulista: tradição saudável misturada a excessos perigosos

Se existe um símbolo da mesa paulista, ele começa com o arroz e feijão, dupla que é aliada da saúde e fornece fibras, proteínas vegetais e energia. Mas, ao redor desse prato, outros costumes estão se consolidando e nem todos fazem bem ao coração.

Segundo as nutricionistas, o paulista ainda mantém alguns hábitos positivos, mas cada vez mais o cardápio diário é influenciado pela praticidade e pela falta de tempo. Isso significa trocar refeições caseiras por ultraprocessados e lanches rápidos, e adicionar ingredientes que elevam o risco de colesterol alto e hipertensão.

A nutricionista Mônica Stockler descreve um cenário comum: no almoço, um prato com arroz, feijão e fritura, muitas vezes acompanhado de linguiça ou calabresa no feijão. No lanche da tarde, a mortadela é figurinha carimbada, seguida de um misto quente no café da manhã. “Apenas 30g de presunto, o equivalente a duas fatias, podem ter mais gordura saturada que 100g de picanha”, compara.

Os fins de semana ganham um capítulo à parte: churrascos fartos em carnes gordurosas como picanha, cupim e costela, muitas vezes acompanhados de queijos amarelos e sobremesas. 

Mesmo os chocolates mais amargos, se não forem consumidos com moderação, podem contribuir para o excesso de gordura saturada, já que, para compensar o açúcar reduzido, muitos têm mais gordura na composição.

Outro dado preocupante: o brasileiro consome o dobro da quantidade recomendada de sódio e não alcança o volume ideal de frutas, verduras e legumes no dia a dia. “Essa combinação de excesso de sal e gordura com baixo consumo de fibras favorece inflamações e a formação de placas nas artérias”, alerta Mônica.

Comer saudável e saboroso é possível

Muita gente acredita que comer de forma saudável significa abrir mão do sabor, mas isso é um mito.

Para Larissa Bettoni, o segredo está na variedade de preparações, no uso de ervas e temperos naturais e na criatividade na cozinha. Já Mônica reforça que existem especiarias que substituem o sal sem perder o prazer de comer, como açafrão-da-terra, páprica, curry, canela, alecrim, gengibre e orégano.

O método de preparo também faz diferença: assar, grelhar ou até usar a air fryer ajuda a reduzir a gordura sem sacrificar a textura e o sabor.

Colesterol alto não escolhe peso

Outro ponto importante destacado pelas especialistas é que colesterol alto não afeta apenas quem está acima do peso.

“Pessoas magras também podem ter colesterol elevado. Fatores como genética, sedentarismo e alimentação inadequada pesam muito mais que o número na balança”, explica Larissa.

Mônica reforça que o colesterol alto não apresenta sintomas e só pode ser detectado com check-ups e exames de sangue. “Não existe ‘sentir’ que está com colesterol alto. A prevenção depende de acompanhamento médico e nutricional”, alerta.

Os erros alimentares mais comuns

As nutricionistas listam uma série de hábitos que comprometem a saúde cardiovascular dos moradores da região:

• Pular refeições por conta da rotina corrida.
• Baixo consumo de frutas, legumes e verduras.
• Excesso de pães e massas brancas, refrigerantes e doces (com destaque para o chocolate).
• Combinação perigosa de frituras e embutidos no mesmo prato.
• Churrascos regados a carnes gordurosas nos fins de semana, muitas vezes acompanhados de sobremesas ricas em gordura saturada.

Mônica chama atenção para a falta de distribuição equilibrada dos alimentos ao longo da semana. “Não adianta evitar gordura de segunda a sexta e exagerar no sábado e domingo. Isso pode fazer o consumo de gordura saturada superar facilmente o limite diário de 25g”, afirma.

Colesterol bom x colesterol ruim

O HDL, conhecido como “colesterol bom”, ajuda a limpar as artérias e deve estar acima de 40 mg/dl. Para aumentá-lo, é essencial consumir gorduras boas, como as presentes no peixe, linhaça, chia, abacate e azeite, além de praticar atividade física.

Já o LDL, o “colesterol ruim”, quando elevado e inflamado, pode se depositar nas paredes das artérias, formando placas que aumentam o risco de infarto e AVC. Carnes gordurosas, queijos amarelos, embutidos, frituras e produtos ultraprocessados estão entre as principais fontes.

A recomendação das nutricionistas é simples: reduzir o consumo de gorduras saturadas, aumentar a ingestão de fibras e planejar as refeições para evitar excessos concentrados em poucos dias.

“O segredo está na consciência alimentar, organização da rotina alimentar e variedade de preparações”, conclui Larissa Bettoni.