A moradora de São José dos Campos que denunciou o vereador Marcão da Academia falou com exclusividade ao AQUI VALE. Ela prefere não se identificar nesse momento, pois a investigação está em andamento e ela teme pela sua integridade física, buscando preservar sua própria segurança, mas deu detalhes sobre a denúncia.
Segundo ela, sua denúncia contra o vereador, embora grave, foi arquivada pelos vereadores por “corporativismo” (quando um grupo prioriza seus próprios privilégios em detrimento do interesse geral), pois os crimes cometidos foram gravíssimos, tanto que seguem em investigação pela Polícia Civil e Ministério Público.
BASE ALIADA – “Vale ressaltar que o vereador Marcão da Academia é do partido PSD, que tem maioria na Câmara e é da base aliada do Prefeito Anderson. À Prefeitura Municipal de São José dos Campos, também denunciei os crimes em processo administrativo e, até este momento, não recebi nenhum posicionamento”, afirma.
Segundo a defesa da moradora: “a vítima foi aliciada dentro de um escritório de advocacia, ao contratar advogados para sua defesa, numa causa judicial pessoal. Lá conheceu um falso advogado – indivíduo que, inclusive, é também réu em processo de estupro de vulnerável – que sordidamente, propôs a ela essa doação de campanha ao vereador Marcão, em apoio à sua reeleição e também parceria como comissionada de sua equipe de trabalho, na Prefeitura. No mesmo escritório de advocacia, vale ressaltar, o assessor do vereador Marcão tinha livre acesso. O passado ilícito dos envolvidos somente tornou-se conhecido pela vítima através das autoridades, após a denúncia e início das investigações”.
“Mesmo em cenário de vulnerabilidade que se encontrava a vítima após ser extorquida, foi contratada por intermédio do vereador Marcão no esquema de cargo de confiança exercido na Prefeitura”.
PROVAS – Ainda de acordo com a defesa: “A vítima tem áudio confesso do falso advogado que admite e ratifica toda a negociação. Essa e todas as outras provas estão de posse das autoridades”.
A moradora diz também que: “O exercício ilegal da profissão do falso advogado já foi denunciado a OAB, bem como os dois advogados parceiros, e que a Polícia Civil e Ministério Público trabalham a fim de desvendar a amplitude desse esquema, em busca de todos os envolvidos.”
PROCESSO SEGUE NA JUSTIÇA – Quando questionada pelo AQUI VALE sobre o arquivamento da denúncia pela Câmara, ela ressalta: “A vítima acredita na Justiça dos homens e de Deus e aguarda a conclusão do processo para informar à sociedade o desfecho. É direito do cidadão eleitor e dos possíveis clientes desses advogados envolvidos, conhecerem a verdade, a fim de se protegerem.”
“O arquivamento da denúncia pela Câmara não significa absolvição do vereador nem do seu assessor de gabinete, pelo contrário, apenas remete ao que todo cidadão joseense já sabe: proteção entre os pares e suposta improbidade administrativa e prevaricação”.
“Ressalta-se que a Câmara Municipal e a Justiça são diferentes competências para apuração do caso ora denunciado e, uma vez comprovado pela Justiça, esse processo será reaberto na Câmara Municipal de São José dos Campos, já que o mandato do vereador Marcão da Academia continua, bem como o cargo comissionado do seu assessor de gabinete”.
DEFESA – Na sua defesa, enviada à Comissão de Ética, o vereador Marcão da Academia confirmou que a denunciante foi admitida na Prefeitura Municipal de São José dos Campos, mas garante que a contratação foi realizada por critérios técnicos e análise curricular, sem qualquer influência ou interferência do parlamentar.
“Com rigor e isenção, a Comissão de Ética concluiu pelo arquivamento. A análise técnica desmontou a denúncia, revelando que ela se baseava unicamente em palavras, sem apresentar um único fato ou prova concreta”, disse o parlamentar ao AQUI VALE.
ENTENDA O CASO
Na sessão da última terça-feira (03), a Comissão de Ética da Câmara Municipal de São José dos Campos arquivou a denúncia contra o vereador Marcão da Academia. Ele havia sido acusado, juntamente com seu assessor Wilson Malta, por estelionato e corrupção passiva.
A denúncia foi feita por uma moradora que afirma ter sido aliciada, por intermédio de um suposto advogado, que se apresentou como alguém influente na Câmara Municipal, em especial com o vereador Marcão da Academia, para realizar uma “doação” de R$ 140.000,00 (cento e quarenta mil reais) em favor da campanha política de Marcão da Academia, mediante promessa de nomeação em cargo comissionado.
Após a denúncia ser avaliada pela Comissão de Ética da Câmara, o presidente da comissão, o vereador Zé Luís, pediu o arquivamento do caso e o presidente da Câmara, vereador Roberto do Eleven, fez apenas uma advertência verbal a Marcão da Academia.
Além do vereador Zé Luiz, a Comissão de Ética é formada pelos seguintes parlamentares: Milton Vieira Filho, Gilson Campos, Fernando Petiti e Lino Bispo.

