Litoral Norte sofre com expansão populacional em três décadas
Uma expansão populacional superior a 134,15% em um período de 30 anos no Litoral Norte de São Paulo reforça o alerta de que crescimento econômico…
Uma expansão populacional superior a 134,15% em um período de 30 anos no Litoral Norte de São Paulo reforça o alerta de que crescimento econômico e desenvolvimento ocupam lugares distintos nas agendas e geram riscos à população.
O levantamento dos indicadores das últimas três décadas foi realizado por pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Planejamento e Desenvolvimento Regional da Universidade de Taubaté (UNITAU), com base no censo demográfico de 1991 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e as projeções populacionais de 2021. Para se ter uma ideia, o percentual de crescimento do Litoral Norte nesse período é quase três vezes superior às médias nacional (45,25%) e estadual (47,68%). No caso específico de São Sebastião, por exemplo, o aumento chegou a 170,4% no período.
“Em São Sebastião e em Ilhabela, o crescimento populacional foi motivado, em especial, pela expansão das atividades econômicas do turismo, do petróleo e do setor portuário. Só que nem todos que foram para a região conseguiram empregos de qualidade”, avalia o coordenador do Mestrado em Planejamento e Desenvolvimento Regional, Prof. Dr. Edson Trajano.
O aumento populacional e o crescimento econômico trouxeram como lastro a valorização das terras disponíveis, o que motivou a especulação imobiliária.
“Houve a ampliação da área de ocupação nas encostas da serra (sertões), sobretudo pela população de menor renda. A área entre o litoral e a rodovia Rio-Santos ficou cada vez mais ocupada pelos condomínios. A área entre a serra e a rodovia ficou ocupada, sobretudo pela população pobre local e migrantes que buscaram na região maior possibilidade de emprego e renda.”
O Prof. Dr. Moacir José dos Santos, coordenador adjunto do mestrado, destaca que o cenário de expansão populacional não foi acompanhado por uma oferta proporcional de serviços públicos, em especial para as famílias mais vulneráveis. “Não se incorpora aos migrantes condições dignas de acesso aos serviços públicos. Aplica-se, neste caso, um conceito chamado ‘pobreza metropolitana’, onde as condições de vida em localidades de alto poder aquisitivo são ainda mais difíceis.”
Para o pesquisador, a situação ficou agravada pela interrupção no ciclo de retomada econômica que vinha ocorrendo desde o início de 2022, após o período mais crítico da pandemia do coronavírus. As soluções, de acordo com o prof. Moacir, são de conhecimento geral. “Passa pela revisão do zoneamento das cidades, por frear a especulação imobiliária e por mais espaços de construção social. Buscar integrar essas famílias ao invés de criar bolsões de pobreza.”
Esses e outros temas são abordados ao longo do Mestrado em Planejamento e Desenvolvimento Regional da UNITAU. Mais informações sobre o curso, você encontra aqui. As inscrições para a turma de 2023 estão abertas.
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