Israel muito além dos roteiros religiosos
De tantos lugares que já conheci, existe um destino que nunca imaginei visitar, e que muito menos fosse esse o quarto país que mais visitei…
De tantos lugares que já conheci, existe um destino que nunca imaginei visitar, e que muito menos fosse esse o quarto país que mais visitei (pelo menos por enquanto). Israel, a Terra Santa, onde conhecemos a história do Santo na Terra e podemos, ao ligar o botãozinho da nossa imaginação, juntamente com toda a explicação de um bom guia, vivenciar e recriar em nossa imaginação e coração, toda a trajetória de Jesus Cristo. E escrevo esse texto, daqui, diretamente de Jerusalém.
Um destino que, independentemente da sua fé e religião, vale a pena visitar, e que sempre me faz voltar transformada em algum ponto.
Alguns pontos que estranhei desde que pisei em Israel pela primeira vez. Um dos termos que mais escutamos por aqui, é “diz a tradição”, “estudos apontam”. Sim… afinal nada ainda está comprovado cientificamente. Use a sua fé, uma boa dose de imaginação para recriar os cenários que o guia descreverá e chegue as suas conclusões.
Normalmente começo os meus roteiros, visitando Belém, o local onde supostamente é o local de nascimento do menino Jesus e que atualmente faz parte do território palestino, e que é exatamente o oposto das cidades israelenses. Uma cidade simples, muito simples, beirando a pobreza, precária, cercada por 800 km de muro e tão cheia de restrições que fica apenas uns 20 minutos de Jerusalém.
Cruzar essa fronteira às vezes pode ser um pouco tenso. Algumas vezes, já pararam meus grupos, e pediram para conferir os documentos. Soldados armados estão sempre a postos nas guaritas, e eu já começo a me questionar: mas afinal na Terra onde nasceu Jesus, por onde anda o “amor ao próximo”?
Um outro fato que me deixou bem surpresa foi caminhar pelas estações da Via Dolorosa, refazendo o trajeto por onde Jesus sofreu todo o flagelo, até chegar ao Santo Sepulcro, onde supostamente foi crucificado e enterrado.
Aqui sim, precisamos acionar ao máximo o nosso botãozinho da imaginação. A Via Dolorosa está localizada dentro dos muros da cidade antiga de Jerusalém, e entre as estações encontramos inúmeras lojas de souvenirs, restaurantes, barraquinhas de comidas, sucos, casas e até açougue. Sim, afinal não podemos nos esquecer que, na cidade antiga, vivem muitas famílias, divididas entre judeus, armênios, cristãos e muçulmanos. E enquanto estávamos ali, fazendo nossas ideias recriaram o cenário da Paixão de Cristo, temos que nos espremer no cantinho para dar passagem para os carros, bicicletas e motos que pedem passagem.
E chegar ao Santo Sepulcro e entender que uma igreja é administrada e repartida entre as igrejas Católica Romana, Católica Ortodoxa, Apostólica Armênia, Ortodoxa Copta, Ortodoxa Siríaca e Ortodoxa Etíope e cada qual se acha dona de uma parte da igreja. Inclusive cabe a uma família muçulmana o direito de abrir e fechar a única porta da igreja diariamente. Inclusive existe uma espécie de manual de regras chamado estatuto dos lugares santos, que regem as comunidades religiosas na tentativa de manterem a paz.
Ainda não consigo entender como alguma comunidade religiosa quer ser proprietária de um espaço justamente daquele que morreu crucificado para nos salvar. Em nome do amor e do perdão. Em momento nenhum escutamos dizer que foi em benefício desse ou daquele. Talvez eu esteja simplificando demais uma situação que perdura por séculos e séculos, mas que ainda não consegui compreender.
A energia que toma conta do local é inexplicável. Tão inexplicável que muitos turistas chegam a surtar. O número de casos é tão considerável que tem até nome: Síndrome de Jerusalém. Os principais sintomas são ansiedade, agitação, necessidade de estar limpo e puro, de gritar salmos ou versículos da Bíblia ou proferir sermões, em geral muito confusos, em lugares sagrados. Eu já cheguei a ver um rapaz que andava próximo ao Sepulcro, com vestes semelhantes ao que imaginamos serem os trajes de Jesus, cabelo e barba compridos e descalços. Pelo que fiquei sabendo era um dos acometidos por essa síndrome.
Mas Israel está muito além dos roteiros religiosos. Tel Aviv é uma cidade vibrante, moderna e ao contrário do que se imagina, extremamente tolerante. Inclusive já foi eleita diversas vezes como o melhor destino do mundo para o público LGBT. Tel Aviv tem praias que lembram muito o Rio de Janeiro. Hoje durante o dia, fiz uma parada em uma praia e estava cheia de vida. Pessoas aprendendo a Harkadá, uma típica dança, correndo, passeando com os cães, crianças brincando, pessoas conversando. Só não tinha ninguém nadando, afinal aqui ainda é inverno e estava uns 18 graus.
Sábado é o dia de folga por aqui, seria o nosso domingo. E eles realmente curtem o dia de descanso. Inúmeras pessoas em parques aproveitando a família e amigos, picnics, muitas atividades ao ar livre.
Aos sábados, os israelenses têm como hábito tomar café da manhã fora de casa. Os cafés por onde passei estavam lotados. Famílias e famílias comendo o café da manhã e observei muitos, inclusive crianças, comendo um prato enorme de atum ralado, salada de pepino e tomate, ovo e muito pão. Sempre em todas as refeições, o pão está presente.
O país é um grande centro de desenvolvimento tecnológico e de startups. Um dos melhores destinos do mundo para explorar o turismo tecnológico. São invenções israelenses: o pen drive, o waze, viber, e até mesmo os drones.
Sabia que o tomatinho cereja também é uma invenção israelense? E hoje durante um passeio pelo supermercado vi vendendo tomates cerejas amarelos.
Os israelenses são pessoas muito alegres, simpáticas, que literalmente vivem e aproveitam cada segundo, pois nunca sabem o que pode acontecer.
A partir de amanhã seguirei para mais uma etapa da viagem. Sairemos em direção a Galiléia, onde segundo a tradição, Jesus Cristo passou parte da infância, e realizou diversos milagres, ou como disse nosso guia, onde Jesus começou sua vida pública.
Quem sabe seja esse tema da nossa próxima coluna? Você já se imaginou visitando e sendo surpreendido por Israel?
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