Felicio e Emanuel: será que o aprendiz superou o mestre no quesito eleições?

O ex-prefeito Emanuel Fernandes, que governou São José dos Campos entre 1997 e 2004, é conhecido por ter inaugurado um grupo político na cidade. Foi ele que reuniu Eduardo Cury, Felicio Ramuth e Anderson Farias em um mesmo staff e fez deles, seus aprendizes em conceitos que viraram marca registrada na cidade: limpeza urbana, meritocracia, tecnologia e outros preceitos difundidos por Emanuel Fernandes por décadas.

Com exceção de Carlinhos Almeida – que administrou a cidade por 4 anos sem direito à reeleição – todos os outros prefeitos joseenses no século XXI foram chancelados por Emanuel. Mas tudo começou a mudar quando Felicio Ramuth resolveu se desfiliar do PSDB, sigla histórica do grupo e se candidatar a vice-governador pelo PSD, deixando Anderson Farias como prefeito – decisão a contragosto de Emanuel que o colocou em uma oposição diferente de seus colegas tucanos.

A vitória de Tarcísio e, consequentemente de Felício, deram início a um novo posicionamento do vice-governador na política municipal, o que se tornou ainda mais evidente nas eleições de 2024, com Emanuel e Felicio Ramuth como oponentes, cada qual apoiando um candidato para a Prefeitura, o que foi decisivo para consolidar, fortalecer e dar sobrevida na política joseense.

No resultado mostrado pelas urnas, Felicio Ramuth foi o primeiro apadrinhado por Emanuel Fernandes que conseguiu êxito sem o apoio direto do ex-prefeito. Embora tenha sido eleito em 2016 com a garantia do ex-deputado federal, ao longo dos anos Felicio foi construindo seu caminho, até que em 2024, o aprendiz desbancou o mestre e conseguiu fazer seu sucessor contando apenas com suas próprias decisões e articulações, sem grupo antecessor, nem Emanuel.

Com o fim do “duelo de titãs”, Felicio se consolida, talvez, como o Emanuel Fernandes 5.0, uma versão mais instagramável do ex-prefeito, mais pragmática e menos idealista.

É incontestável que o legado de Emanuel marcou gerações e que continuará reverberando na cultura joseense. Quem nunca se indignou com um muro sujo e pichado? Isso também é fruto das políticas públicas iniciadas por Emanuel Fernandes.

Mas talvez a cidade seja grata pelo legado e queira seguir adiante – arriscando, sim – mas estando atenta aos novos tempo e às novas habilidades que representantes da população precisam ter.

No quesito eleições, será que o aprendiz superou o mestre? Credibilidade é algo que se conquista ao longo dos anos… o tempo dirá se Emanuel continua com a mesma força de sempre ou se Felicio desbancou uma lenda que poucas cidades têm.