Embraer recusou o mercado do Brics para optar pela Boeing
Falácia da Boeing fez a empresa brasileira perder um dos maiores negócios de sua história
Artigo escrito por Júlio Ottoboni
A Embraer recusou uma parceria que poderia atualmente trazer a tranquilidade que perdeu com o governo Trump e as investidas falaciosas da Boeing, que renderam um prejuízo para a ex-estatal enorme. A proposta era criar uma nova empresa, uma joint-venture no segmento aeronáutico para produção de aviões para o Brics envolvendo Brasil, Russia e Índia.
Isso ocorreu há uma década exatamente, quando a antiga direção da Embraer impediu o ingresso de uma comitiva russa em uma reunião, em sua sede, em São José dos Campos. Os russos continuariam as tratativas com a então presidência da Embraer, que se arrastava por alguns meses e estava bem adiantada.
No entanto em dezembro de 2014, quando impediu a entrada do vice premier e ministro da defesa russo, Dmitry Rogozin em suas instalações, literalmente impedindo a entrada da comitiva estrangeira, a direção da Embraer selou seu destino de apenas atender a um mercado grande mercado mundial, o dos Estados Unidos. Mesmo já com significativos sinais de saturação e focado em priorizar as aeronaves produzidas pelas companhias locais.
O impedimento da entrada da comitiva russa, que participaria da última de uma série de reuniões feitas entre os países para construir um avião turboélice de uso civil. Esse tipo de aparelho é muito mais econômico em gasto de combustível e em manutenção que os jatos, além de ser o mais adequado para pequenos aeroportos. A aeronave seria comercializada entre os países do Brics e da África
Essa postura empresarial não só decretou e selou o destino da Embraer como dependente quase que exclusiva de um único comprador, como escancarou o ingresso da Boeing em suas instalações e o acesso a seus projetos e estudos. Uma interferência dos Estados Unidos que era de conhecimento externo, inclusive dentro do Brics.
Assim que foi impedido de entrar na reunião, Rogozin afirmou que entendia a reação da Embraer, por ser ela uma “ empresa sob domínio dos Estados Unidos”, e procuraria desenvolver o projeto com outros países interessados pertencentes aos Brics.
A fábrica da joint-venture seria construída em São José dos Campos e já tinha inclusive área escolhida, além de funcionar como um braço da Embraer dentro do Brics. No entanto, a Embraer, já em tratativas com a Boeing, optou por apostar todas as fichas no mercado dos EUA e não abrir novas fronteiras com o Brics.
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