Embraer perde contrato bilionário para Airbus em decisão marcada por interesses geopolíticos
LOT Polish Airlines fecha compra de 40 jatos A220 por US$ 2,7 bilhões e anuncia saída gradual dos modelos da fabricante brasileira
A fabricante brasileira Embraer ficou de fora de um contrato bilionário nesta quarta-feira (16), que acabou sendo fechado com a europeia Airbus. A LOT Polish Airlines, principal companhia aérea da Polônia, anunciou a aquisição de 40 jatos A220, com possibilidade de ampliar o pedido para 84 aeronaves. O valor do negócio está estimado em US$ 2,7 bilhões, segundo a consultoria de aviação Ishka.
O anúncio foi feito durante a Paris Air Show, um dos maiores eventos da aviação mundial, em uma cerimônia marcada pela forte presença de autoridades políticas da Polônia, França e Canadá — país onde o modelo A220 é montado. Representantes dos três países discursaram ao lado de executivos da Airbus, reforçando o tom diplomático do acordo.
A decisão representa uma mudança de estratégia da LOT, que tradicionalmente opera com aeronaves da Boeing e da Embraer. Segundo comunicado da companhia, os jatos brasileiros serão gradualmente retirados de sua frota.
A Embraer reagiu destacando o impacto político da escolha. “Entendemos que estamos vivendo em um momento excepcional em que a geopolítica desempenha um papel importante”, afirmou a empresa.
De acordo com a Embraer, manter a frota atual com seus modelos poderia gerar uma economia de “milhões de euros” à companhia aérea polonesa. A fabricante brasileira sugeriu que a escolha pela Airbus foi influenciada por interesses diplomáticos.
Especialistas em aviação também apontam interferência política no desfecho. “A concorrência tornou-se muito mais política do que até mesmo um pedido normal de aeronave civil”, avaliou o analista Nick Cunningham, da Agency Partners. Ele acrescenta que França e Polônia buscam fortalecer laços diplomáticos anteriormente desgastados.
Outro fator que pode ter influenciado a decisão é a recente visita do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva a Moscou, para celebrar os 80 anos do fim da Segunda Guerra. A aproximação do Brasil com a Rússia foi mal recebida na Polônia, país que mantém postura crítica à guerra na Ucrânia.
Questionado sobre o peso político no acordo, o CEO da LOT, Michal Fijol, evitou polêmicas: “Não foi um processo fácil. Recebemos duas ofertas muito competitivas. Mas estou satisfeito porque a Airbus nos queria mais.”
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