Como proteger as crianças das mudanças repentinas de temperatura?
Pediatra Aruna Prakki explica por que algumas crianças ficam mais doentes
Segundo a Climatempo, uma frente fria está prevista para atingir o Brasil a partir desta sexta-feira (23). No sábado (24), as temperaturas cairão bastante no Vale do Paraíba. Em São José dos Campos, Serra da Mantiqueira e região o frio deve permanecer até o início da próxima semana.
Com a variação repentina de temperatura muitos adultos e crianças ficam doentes e com problemas respiratórios. A pediatra e especialista em terapia intensiva pediátrica e neonatal, Aruna Prakki, explica como proteger as crianças dessas mudanças de temperaturas.
Segundo Aruna, a construção da imunidade não é repentina como a mudança climática. O sistema de defesa da criança vai se desenvolvendo lentamente, como diversos outros sistemas do corpo e não tem como acelerar esse processo.
Inúmeros fatores participam de um melhor desenvolvimento da imunidade e isso demanda tempo, até cerca de 5-7 anos idade para esse amadurecimento.
Como devo proteger meu filho das baixas temperaturas?
Nossas casas não são preparadas para o frio. Precisamos usar camadas de roupas, como uma cebola, uma camada, segunda, terceira camada e até mais, dependendo das baixas temperaturas. Dos pés à cabeça. Em bebês e crianças pequenas, uso de meias calças ou macacões com pezinho, para que a criança não remova a proteção nos pés. Podemos aquecer o ambiente com aquecedores a óleo e sempre lembrarmos de também umidificarmos o ambiente, ao mesmo tempo.
Usarmos protetores de portas para evitar a entrada de ar frio em demasiado e também de insetos no ambiente. Oferecermos alimentos quentes. Usarmos bolsas de água quente/morna para colocar na cama, debaixo das cobertas, e forrar o colchão com mantas, ao invés de lençóis. Dormirmos juntos com eles, para um aquecer o outro, em temperaturas muito extremas. Evitar saídas em períodos de baixas temperaturas.
Quais os problemas mais comuns nessa época?
Problemas respiratórios como ressecamento das mucosas nasais e corizas, tosses, congestão nasal, peito cheio e infecções secundárias, como: otites, amigdalites, sinusites, laringites, faringites, pneumonias. Também se intensificam as alergias respiratórias e de pele. A pele resseca e os lábios e até as bochechas dos pequenos!
Algumas crianças ficam muito doentes, o que significa?
Se a criança já tem todo um desenvolvimento adequado, peso, estatura, vacinas em tempo/em dia, alimentação saudável e variada, lazer e afeto e suas condições paralelas já controladas (alergias, asma, cardiopatias, etc), tolerará melhor e adoecerá menos. Hábitos de lavagem das mãos: super importante, tanto da criança como dos adultos que cuidam dela. Se a criança não vive nesse cenário e é exposta com mais frequência a lugares com mais pessoas circulando ou não tendo suas demais condições sob controle, certamente terá um maior número de episódios infecciosos. Principalmente as que são expostas à poluição e ao tabagismo!
Entendam que uma criança saudável pode adquirir até 8-12 viroses por ano, mais frequentes neste período do frio e de grande variação térmica, geralmente. Se isso ultrapassa o esperado ou o uso de antibióticos passa a ser frequente, precisa da avaliação pediátrica para melhor análise das prováveis causas e formas de controle.
Como a alimentação e as vitaminas influenciam nesses processos?
Hábitos alimentares também são construídos aos poucos, desde a introdução alimentar, e isso demanda tempo, dedicação e persistência. Não vamos conseguir mudar isso em 2-3 dias somente porque a frente fria vai chegar. E sim, uma alimentação saudável e variada, com composição de diversos nutrientes e vitaminas (como vitaminas C e D, ferro, zinco e outros) nos fortalece e ajuda a compor melhor a imunidade. Suplementar de última hora não vai trazer benefícios imediatos. Aliás, a suplementação só será feita depois de toda uma adequada avaliação pelo pediatra e quando necessário, em dosagem e indicação assertivas e direcionadas a cada criança individualmente.
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