Buscas por remédios para dormir sem receita disparam e acendem alerta sobre automedicação no Brasil

As buscas por remédios para dormir (sem receita) cresceram 1.450% nos últimos cinco anos, segundo levantamento da empresa de inteligência de dados Timelens. O aumento reflete a dificuldade de grande parte da população em lidar com a insônia e o consequente uso de medicamentos sem acompanhamento médico, prática que preocupa especialistas.

O médico psiquiatra David Souza Lima alerta que o uso sem orientação traz riscos importantes. “O principal é a dependência química, porque o paciente começa a tomar esses remédios, ele pode se tornar um dependente. E aí dentro da dependência a gente tem um fenômeno da tolerância, que é quando o paciente precisa começar a tomar doses mais altas do remédio para fazer o mesmo efeito”, explica.

Segundo o psiquiatra, é comum que pacientes cheguem ao consultório já fazendo uso dessas substâncias por conta própria, muitas vezes compradas sem receita. Ele ressalta ainda que, em alguns casos, a insônia pode estar relacionada a outros transtornos mentais, como depressão ou ansiedade, o que torna essencial a avaliação médica. “Se ela não faz o diagnóstico correto, está tomando um remédio de maneira errônea, que pode gerar vários problemas”, afirma.

Entre os efeitos colaterais, o psiquiatra cita redução da cognição, lapsos de memória, sonolência diurna e risco de quedas, especialmente entre idosos. Misturar esses remédios com álcool, segundo ele, pode agravar os efeitos e colocar a vida do paciente em risco.

O especialista destaca que o tratamento mais eficaz é a terapia cognitivo-comportamental específica para insônia, que trabalha hábitos saudáveis e técnicas de relaxamento. Procurar ajuda médica, segundo ele, é fundamental quando o problema começa a interferir na rotina e no bem-estar.

“Se a pessoa percebe que está cansada, irritada, sem energia e com prejuízo no trabalho ou nos estudos, é sinal de que precisa procurar um especialista. Dormir mal afeta o humor, a atenção e o rendimento”, conclui.