Brasil volta à lista dos países com mais crianças sem vacina
Desigualdades, cortes na saúde e negacionismo impedem o Brasil de recuperar níveis seguros de vacinação
Quase dez anos depois do início da queda nas taxas de vacinação, o Brasil ainda não conseguiu retomar os índices que já foram exemplo no mundo. Segundo o Unicef e a OMS, o país ocupa hoje a 17ª posição global em número absoluto de crianças não vacinadas: são 229 mil.
A baixa cobertura vacinal tem várias causas, como o enfraquecimento do SUS, corte em equipes do Programa Saúde da Família, desinformação sobre vacinas e a perda da cultura de prevenção.
Para o médico Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, a ironia é que parte da população só passou a duvidar da importância das vacinas depois que elas controlaram muitas doenças. “Esse discurso antivacina só foi possível porque as vacinas tiveram sucesso”, afirmou em entrevista ao podcast Repórter SUS.
Um exemplo dos riscos é o avanço do sarampo, com 14 casos registrados no Brasil em 2025, todos em pessoas não vacinadas que viajaram para a Bolívia. A situação preocupa, já que o vírus é altamente contagioso e a região das Américas já soma mais de 7 mil casos este ano, com destaque para Canadá, México e EUA.
Apesar de alguma melhora (a média de cobertura vacinal no Brasil subiu de 70% para 80-85% nos últimos anos) ainda estamos abaixo do ideal de 95%.
A solução, segundo Kfouri, passa por ampliar horários de atendimento, levar a vacinação para as escolas e buscar ativamente quem ainda está fora do sistema. “Nenhuma criança pode ficar para trás”, reforça o especialista.
Deixe um comentário