Brasil registra um caso de envenenamento a cada duas horas, aponta levantamento

O Brasil registrou 45.511 internações por envenenamento em hospitais da rede pública ao longo dos últimos dez anos, uma média de um caso a cada duas horas, segundo levantamento divulgado nesta segunda-feira (8) pela Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede).

Os dados revelam que a maioria dos episódios está ligada a medicamentos, drogas, pesticidas, álcool e produtos químicos, mas também chamam atenção os 3.461 casos de intoxicação proposital causada por terceiros, mostrando que o veneno é usado, muitas vezes, como arma em conflitos pessoais ou familiares.

O Sudeste concentra quase metade das ocorrências, com destaque para São Paulo (10.161) e Minas Gerais (6.154). Em seguida aparecem Sul (9.630 casos), Nordeste (7.080), Centro-Oeste (5.161) e Norte (3.980).

Entre os perfis mais atingidos estão homens jovens de 20 a 29 anos e crianças de 1 a 4 anos. A Abramede alertou ainda para a facilidade de acesso a substâncias tóxicas e a falta de fiscalização no país.

Últimos casos de grande repercussão

Nos últimos meses, diferentes episódios de envenenamento ganharam destaque no país. Em dezembro de 2024, três pessoas de uma mesma família morreram em Torres (RS) após consumirem um bolo contaminado com arsênio. A polícia prendeu a nora da mulher que preparou o alimento, acusada de adulterar a farinha usada na receita.

Em janeiro de 2025, uma ceia de Réveillon em Parnaíba (PI) resultou em nove pessoas intoxicadas, das quais cinco não resistiram, entre elas, um bebê de menos de dois anos. Investigações apontaram que a refeição havia sido misturada a inseticida.

Já em abril, duas crianças morreram em Imperatriz (MA) depois de comerem um ovo de Páscoa envenenado. A mãe também consumiu o doce e precisou ser hospitalizada. No mesmo mês, em Natal (RN), um açaí entregue como presente em domicílio levou à morte de uma bebê de oito meses e deixou uma mulher em estado grave.