Avião militar russo suspeito de levar armas para a Coreia do Norte pousa em Brasília; Senador cobra explicações
A aterrissagem ocorreu um dia após conversa entre Lula e Putin e em meio a novo atrito diplomático com os EUA, que impuseram sanções ao Brasil.
O senador Márcio Bittar (União-AC) apresentou pedidos de informação ao Ministério da Defesa e ao Itamaraty para esclarecer as circunstâncias do pouso do cargueiro russo Ilyushin Il-76TD no Brasil. A aeronave, sob sanções dos Estados Unidos por suspeita de transporte de armamentos para a Coreia do Norte e apoio logístico à Venezuela, está na Base Aérea de Brasília desde domingo (10).
Sigilo e origem do voo
Segundo informações, o avião partiu de Moscou e fez escalas em Baku (Azerbaijão), Argel (Argélia) e Conacri (Guiné) antes de chegar à capital brasileira. Conacri é apontada como ponto de atuação do Africa Corps — grupo mercenário ligado ao governo russo — na distribuição de armas pelo continente africano. O voo não teve rota pré-estabelecida comunicada à Anac e sua operação é tratada com sigilo pela Aeronáutica.
A previsão inicial era de decolagem nesta quarta-feira (13), mas até o momento não há confirmação. A operação ocorre um dia após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversar por telefone com o presidente russo Vladimir Putin e em meio a tensões diplomáticas com os EUA, que recentemente anunciaram sanções ao Brasil.
Questionamentos no Senado
Nos requerimentos, Bittar cobra informações sobre quem autorizou a entrada da aeronave, a carga transportada, a identidade dos tripulantes e se os protocolos de segurança previstos por sanções internacionais foram cumpridos. Os pedidos (nº 593/2025 e 594/2025) foram encaminhados aos ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores) e José Múcio Monteiro (Defesa) e terão 30 dias para resposta, caso aprovados pela Mesa do Senado.
O tema também deve ser abordado na audiência da Comissão de Relações Exteriores (CRE) nesta quinta-feira (14), com a participação do ministro da Defesa.
Críticas à política externa
Em discurso no plenário, Bittar afirmou que a ausência de explicações sobre a operação “simboliza a perigosa indefinição da política externa atual” e acusou o governo de “complacência” com regimes que “afrontam a liberdade e a ordem internacional”. O senador disse ainda que o Brasil não deve utilizar sua soberania como “moeda de troca” em negociações diplomáticas.
Caso lembra episódio anterior
O pouso do Il-76TD remete a fevereiro de 2024, quando o avião que trouxe o chanceler russo Sergey Lavrov ao Brasil teve abastecimento negado por empresas no Aeroporto Internacional do Galeão (RJ). Dias depois, a Jetfly Combustíveis forneceu querosene, o que levou a companhia a entrar na lista de empresas proibidas de abastecer aeronaves de matrícula norte-americana.
No caso atual, o abastecimento do cargueiro russo está sob responsabilidade da BR Aviation, que, na ocasião anterior, havia se recusado a atender o voo de Lavrov. Até esta quarta-feira (13), a aeronave permanecia estacionada na Base Aérea de Brasília.
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