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A participação de atletas trans no esporte feminino

No entanto, a discussão sobre a participação de atletas transgênero no esporte feminino, apesar de complexa e controversa, merece uma análise cuidadosa, sem paixões políticas.…

Por Patrícia Borges

No entanto, a discussão sobre a participação de atletas transgênero no esporte feminino, apesar de complexa e controversa, merece uma análise cuidadosa, sem paixões políticas.

Na Grécia antiga, o esporte foi visto pela primeira vez como fenômeno social. Filósofos como Platão, Sócrates e Aristóteles destacaram o valor do esporte em aspectos educacionais, morais, estéticos e religiosos. Os filósofos diziam que somente a força dos jogos era capaz de unificar e desenvolver a sociedade. Neste contexto, a participação das mulheres no esporte é uma conquista histórica e tem sido uma luta importante para mostrar a força e a relevância das mulheres na formação da nossa sociedade, principalmente quanto a valores inestimáveis como respeito ao próximo, disciplina, liderança, perseverança, busca constante pelo aperfeiçoamento, meritocracia e justiça.

Em vista disso, a participação de atletas trans no esporte feminino pode colocar em risco essa luta, pois há vantagens biológicas que não podem ser ignoradas. As diferenças biológicas destroem os alicerces do esporte e dos valores que o cercam.

Uma das principais vantagens biológicas que os homens têm em relação às mulheres é a testosterona, hormônio responsável pelo desenvolvimento da massa muscular e óssea. Mesmo após a transição, as atletas trans mantêm uma vantagem biológica em relação às atletas nascidas biologicamente mulheres que não passaram por essa experiência. Após a puberdade, o homem possui mais massa muscular, mais volume sanguíneo, uma estrutura óssea mais densa, além do coração e do pulmão maiores. Quando eu competia no voleibol, os principais campeonatos internacionais realizavam testes de feminilidade em nós mulheres para avaliar se havia níveis altos, mesmo que naturais, de testosterona nas atletas. Caso houvesse, as atletas eram afastadas da competição pois isso gerava de fato uma vantagem indevida no desempenho da atleta.

Entendendo o esporte como a “prática metódica, individual ou coletiva, de jogo ou qualquer atividade que demande exercício físico e destreza” (Dicionário Oxford), as atletas trans têm, em geral, um desempenho muito superior às mulheres pelo simples histórico biológico. Permitir a participação de atletas trans no esporte feminino resulta em competições desiguais e injustas, pois as diferenças biológicas resultam em um desequilíbrio de habilidades e aptidões atléticas ocasionando a quebra da equidade competitiva. Dessa forma, atinge diretamente os principais valores do esporte, desestimulando o empenho, a perseverança e a busca pelo aperfeiçoamento das mulheres, e eliminando a meritocracia, podendo, inclusive, comprometer o desenvolvimento das meninas como cidadãs.

Há também questões de segurança que precisam ser consideradas. Ainda que as atletas trans passem por um processo de transição, as diferenças biológicas permanecem e são tão maiores quanto mais tarde ocorrer a transição. Essas disparidades biológicas podem colocar em risco a integridade física das competidoras, principalmente em esportes de contato, como boxe, basquete, futebol ou artes marciais. Assim, a participação de atletas trans aumenta o risco de lesões graves e permanentes nas mulheres.

Por fim, a participação de atletas trans no esporte feminino pode prejudicar a própria causa LGBTQIA+. Há que se acolher a todos e o esporte é uma excelente ferramenta de transformação social, no entanto, temos que proteger as mulheres pois a participação das atletas trans, principalmente no esporte profissional e de alto rendimento, torna a competição injusta e perigosa para a integridade física das oponentes. Dessa forma, vemos que a imposição da participação de atletas trans no esporte feminino tem gerado resistência e oposição em outras áreas da sociedade, prejudicando interesses de fato relevantes para o público LGBTQIA+.

Diante de tudo isso, é importante que haja um debate aberto e honesto sobre a participação de atletas trans no esporte, levando em consideração todas as implicações envolvidas. É possível encontrar soluções que respeitem os direitos e a segurança de todos os envolvidos, como por exemplo a criação de uma categoria exclusiva para as trans, assim como ocorre com a separação entre as categorias masculina e feminina há anos, sem comprometer os princípios fundamentais do esporte e da sociedade.

Patrícia Borges

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6 Comentários em “A participação de atletas trans no esporte feminino”

  1. Patrícia Borges disse:

    Olá Ricardo, bom dia!
    Obrigada por compartilhar seu ponto de vista. Concordo com você, o mais justo é realmente criar a categoria transgênero!

  2. ricardo disse:

    Infelizmente, enquanto as mulheres não se juntarem e todas unidas forem contra isso, não vai mudar, elas continuaram a perder títulos, recordes, vagas em universidades, patrocinios, etc.
    Que se faça uma competição de trans.

    1. Silvana Moraes disse:

      Parabéns pela matéria, Patrícia. Muito boa a sua colocação. E sim, se até mesmo as atletas passavam por exames para averiguar porque agora aceitar quem já (biologicamente) é fisicamente mais forte para competir com quem é mais frágil. Não está certo mesmo.

      1. Thomas Schwerdtner disse:

        Parabéns Patrícia, ótima colocação. A complacência das entidades esportivas que permitem a participação de atletas trans é pelo medo do “cancelamento” público e da falta de pessoas capacitadas para mostrarem cientificamente por A + B que não se deve misturar.

        1. Patricia disse:

          Muito obrigada amigo, vc tem toda razão e fala com conhecimento de causa!!! Tmj pelo esporte!

      2. Patricia disse:

        Muito obrigada minha amiga querida!!! Sua opinião é muito importante para mim, você sabe!!! Beijos

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