Festas, trotes e bares: o lado obscuro do álcool na vida dos universitários

Segundo uma pesquisa publicada na RevistaFt que explora a relação do álcool e a vida universitária, 58% dos estudantes consomem álcool, sendo que 51% bebem mais de quatro vezes ao mês. Além disso, 65% iniciaram o consumo antes dos 18 anos, e 32,6% relataram consumo abusivo nos 30 dias anteriores à pesquisa, definido como quatro ou mais doses para mulheres e cinco ou mais para homens em uma única ocasião.

O consumo excessivo de álcool entre universitários está associado a problemas acadêmicos, como faltas e baixo desempenho, transtornos de saúde mental, incluindo ansiedade e depressão, riscos físicos e dependência, além de situações de vulnerabilidade social, como brigas, acidentes de trânsito e relações sexuais de risco. Além disso, o início precoce do consumo aumenta a vulnerabilidade a problemas de saúde, risco de dependência e consequências negativas na vida adulta.

Uma nova fase com responsabilidades

O ingresso na universidade representa uma fase de transição significativa, marcada pelo aumento da independência, novas responsabilidades e mudanças no estilo de vida, incluindo alimentação inadequada, privação do sono e adaptação à rotina acadêmica.

Para estudantes que moram sozinhos ou em outra cidade, essas mudanças podem gerar insegurança, tornando-os mais suscetíveis ao consumo de álcool como forma de socialização ou alívio do estresse.

Por isso, conhecer os riscos e buscar formas equilibradas de lidar com a vida universitária é indispensável para aproveitar essa fase sem colocar a saúde e a segurança em risco.

O estudo avaliou o consumo de álcool entre 630 estudantes da ESA/UEA de cursos da saúde. A pesquisa foi quantitativa, descritiva e exploratória.

Programa Party em SJC

Em São José dos Campos, o Programa PARTY – sigla para Prevenção de Traumas Relacionados ao Álcool na Juventude – é uma resposta direta ao alto índice de acidentes envolvendo jovens no trânsito. Implantado em 2017 e coordenado pelo Centro de Reabilitação Lucy Montoro em parceria com o Hospital Municipal Dr. José de Carvalho Florence, SAMU, Corpo de Bombeiros e secretarias municipais, o projeto já impactou mais de 2.500 estudantes em cerca de 37 edições.

Durante as ações, que incluem palestras, vídeos e visitas à sala de trauma do hospital, participantes têm contato com relatos reais de vítimas, profissionais de saúde e forças de segurança.

Segundo dados do hospital, o pronto-socorro registra, em média, 550 atendimentos por mês relacionados a traumas – muitos deles decorrentes de acidentes de trânsito. O objetivo é sensibilizar os jovens para escolhas mais conscientes, mostrando, de forma realista e muitas vezes chocante, as consequências do consumo abusivo de álcool e da imprudência, seja ao volante ou em outros contextos de risco.