Astrônomos encontram planeta gigante que na teoria não deveria existir
A descoberta desafia o atual modelo de formação planetária
A estrela TOI-6894 é uma de muitas anãs vermelhas na Via Láctea. Esses astros têm luminosidade baixa, e por isso às vezes passam despercebidos. Mas esse é o tipo de estrela mais comum da comum da nossa galáxia.
A TOI-6894 é bem pequena para uma estrela: tem cerca de 20% da massa do Sol. Um astro desse tamanho não consegue oferecer condições adequadas para a formação e manutenção de um planeta grande. Ou pelo menos os astrônomos pensavam que não conseguia.
Um time internacional de pesquisadores, com dados coletados pelo telescópio espacial TESS, desenvolvido pelo MIT e operado pela Nasa, encontraram traços claros de um planeta enorme orbitando essa pequena anã vermelha.
Em um estudo publicado na Nature Astronomy, os astrônomos liderados por Edward Bryant, da Universidade de Warwick, chamaram esse grande planeta de TOI-6894b (mesmo nome da estrela, só que com um b depois). Ele tem um volume parecido com o de Saturno, e desafia o conhecimento da astronomia sobre quais planetas podem orbitar quais estrelas.
Mistério do planeta
A partir de um cruzamento de dados do telescópio espacial da Nasa com informações obtidas pelo Very Large Telescope (“telescópio bem grande”, em português), do Observatório Europeu do Sul no deserto do Atacama, eles conseguiram encontrar o maior planeta já avistado orbitando uma estrela tão pequena.
O planeta de baixa densidade tem 86% do raio de Saturno, mas só 50% da massa do nosso companheiro do Sistema Solar. A TOI-6894 tem cerca de 60% do tamanho da (até então) menor estrela a ter um planeta gigante em órbita.
A existência de TOI-6894b levanta algumas dúvidas sobre a teoria mais aceita para formação de gigantes gasosos. De acordo com a teoria de acreção do núcleo, um planeta fica enorme depois que seu núcleo fica muito massivo pela acumulação de materiais e passa a atrair gases para sua atmosfera.
É difícil fazer isso perto de uma estrela tão pequena quanto uma anã vermelha, já que haveria poucos gases e poeira estelar para formar um núcleo grande.
Os pesquisadores já pensam em versões intermediárias da teoria de acreção do núcleo para explicar a formação do TOI-6894b, mas mais informações sobre o sistema planetário são necessárias para entender o que está acontecendo por ali.
A descoberta do TOI-6894b também desafia algumas das estimativas de quantos planetas gigantes existem nossa galáxia. Antes desse estudo, o consenso entre os astrônomos era que não dava para uma estrela desse tamanho, como a maioria das que compõem a Via Láctea, servir de anfitriã para um planeta gasoso tão grande.
Foto: Universidade de Warwick/Mark Garlick
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