Especialista diz que novo Enade das Licenciaturas é um avanço

O especialista em gestão acadêmica e avaliação da aprendizagem no ensino superior Alexandre Nicolini fez uma análise nesta quinta-feira (25) do edital do primeiro Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) voltado à avaliação dos cursos de formação docente, publicado no começo da semana pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) no Diário Oficial da União (DOU).
 

Segundo Alexandre Nicolini, o chamado Enade das Licenciaturas estabeleceu uma reformulação significativa nos processos de avaliação dos cursos que formam professores. É um avanço claro, mas há diversos desafios logísticos para sua implementação.
 

A partir de 2024, todos os cursos da área de educação serão avaliados anualmente, ao contrário dos demais cursos superiores, que continuarão a ser avaliados a cada três anos. O contingente de formandos avaliados crescerá em torno de 300 mil pessoas no próximo triênio só na área de pedagogia.
 

Uma nova Avaliação Prática vai verificar o impacto do estágio supervisionado de docência na formação. Esta ação inclui Orientadores de Estágio (vinculados a IES) e Supervisores de Estágio (vinculados à escola onde acontece o estágio), um pequeno exército que passará a coletar dados de todos os formandos anuais em licenciaturas para descobrir como acontece a formação na prática.
 

Já a Avaliação Teórica servirá para avaliar tanto a formação inicial da docência como a formação específica nas áreas indicadas no quadro abaixo. Ela adiciona 65% a mais de questões e as direciona para circunstâncias típicas da prática profissional, como situações-problema e estudos de caso.
 

Um novo perfil de formulação de questões será necessário, o que enseja a produção de novas Matrizes de Referência para as questões de formação geral docente e de formação específica. A área de abrangência do novo Enade quadruplicará, abordando muito mais especificidades do exercício profissional de cada carreira.

Haverá finalmente a comparabilidade de edições do Enade produzidas a partir de 2024, permitindo verificar a evolução da formação docente no Brasil. Os padrões mínimos de desempenho definirão bases sólidas para a supervisão de IES com baixo desempenho.
 

Todas estas novas ações que constam no Edital do Enade das Licenciaturas abrem a possibilidade de se compreender com mais acuracidade as lacunas e fragilidades na formação de professores. A partir das evidências coletadas, o MEC pode atuar com mais firmeza na supervisão das IES com baixo desempenho e avaliar o impacto das políticas públicas de formação, como as Diretrizes Curriculares Nacionais.

Sobre Alexandre Nicolini – Doutor em Administração pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com estágio de doutoramento na Paris IX, Mestre em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Administrador de Empresas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Especialista em Design Curricular e Avaliação de Aprendizagem, desenvolve metodologias de trabalho e programas de formação para IES que sintetizam sua experiência como pesquisador e orientador no stricto sensu e como gestor acadêmico, inclusive como reitor. Foi também avaliador ad hoc do Ministério da Educação (MEC) e líder de pesquisa na Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (ANPAD).

Participa da construção das políticas públicas de avaliação do ensino superior desde 1996, tendo orientado com sucesso diversos clientes a alcançar os melhores resultados, além de fazer palestras inspiradoras e ministrar oficinas práticas para dirigentes, coordenadores, professores e estudantes em IES de todas as regiões do Brasil. Em sua atuação, publicou mais de 60 artigos científicos sobre o ensino superior, que geraram mais de 800 citações, cujas referências podem ser consultadas aqui. Seu artigo intitulado “Qual será o futuro das fábricas de administradores?” é um dos mais citados na área de Administração no país.

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