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Mostra + Protagonismo Trans na Cinemateca Brasileira

31 de maio a 2 de junho de 2024

Por Portal Aqui Vale

Entre os dias 31 de maio e 2 de junho, a Cinemateca Brasileira promove a Mostra + Protagonismo Trans, com o objetivo de celebrar as histórias de pessoas trans, travestis e não bináries no cinema. Títulos de diferentes períodos e países abordam a experiência de corpos e identidades dissidentes enquanto sujeitos políticos.

A seleção oferece filmes emblemáticos como Vera (Sérgio Toledo, 1986), longa-metragem brasileiro considerado um dos primeiros a retratar a transmasculinidade, O funeral das rosas (Toshio Matsumoto, 1969), uma das obras fundamentais da Nouvelle Vague japonesa, e o recente Bixa Travesty (Kiko Goifman, Claudia Priscilla, 2018), que aborda a carreira e a vida privada da cantora Linn da Quebrada.

Fazem parte da mostra, também, títulos de diretores trans que, atrás e na frente das câmeras, discutem afetos, política e o enfrentamento à violência, como Capim navalha (Michel Queiroz, 2023), Aribada (Simon(e) Jaikiriuma Paetau, Natalia Escobar, Zamanta Enevia, 2022) e O esboço (Tomas Cali, 2023).

Compõe ainda a programação um debate sobre a produção e a representação trans no cinema. Participarão da mesa Amara Moira, representando o Museu da Diversidade Sexual de São Paulo, Ian Habib, representando o Museu Transgênero de História e Arte (MUTHA), Cássio Kelm, representando a Associação de Profissionais Trans do Audiovisual (APTA) e Alice Marcone, multiartista e roteirista premiada.

A programação é gratuita e os ingressos serão distribuídos uma hora antes de cada sessão.


CINEMATECA BRASILEIRA

Largo Senador Raul Cardoso, 207 — Vila Mariana

Horário de funcionamento

Espaços públicos: de segunda a segunda, das 08 às 18h

Salas de cinema: conforme a grade de programação.

Biblioteca: de segunda a sexta, das 10h às 17h, exceto feriados

Sala Grande Otelo (210 lugares + 04 assentos para cadeirantes)

Sala Oscarito (104 lugares)

Retirada de ingresso 1h antes do início da sessão


31 DE MAIO, SEXTA-FEIRA

18h30 — TRANSVIAR

Brasil/Alemanha, 2021, cor, 13min, livre, 16mm

Direção: Maíra Tristão

Elenco: Carla da Victoria

Sinopse: Carla da Victoria nasceu na tradição das paneleiras de barro, nome dado às mulheres que fazem as panelas de barro na cidade de Vitória (ES). Carla é filha, neta e bisneta de paneleiras, ela aprendeu a modelar as panelas da mesma forma que modelou sua identidade. Transviar é sobre romper as regras e sobre os encontros que o manguezal pode proporcionar.

CAPIM NAVALHA

Brasil, 2013, cor, 90min, 12 anos

Direção: Michel Queiroz

Elenco: Martha Ângela, Lilith Tsunami, Raphaely Luz, Marcelo Augusto, Gustavo Silva e Ruby Borges

Sinopse: Documentário que retrata questões vividas de forma empírica por personagens trans na Chapada dos Veadeiros. Trazendo narrativas de gênero dissidentes, o filme elabora fricção e alteridade com uma análise sobre a biopolítica e a necropolítica que permeiam a sociedade nos cis-temas dentro do Centro-Oeste.

Augusto, Gustavo Silva e Ruby Borges

20h30 – HOMENS INVISÍVEIS

Brasil, 2019, cor, 25min, 12 anos

Direção: Luis Carlos de Alencar

Elenco: Adriana Geisler, Alessandra Ramos, Amiel Vieira, Andreia Beatriz Santos, Dann Santos, John Maia, Joiseph Corrêa, Léo Moreira Sá, Natália Damazio, Pablo de Almeida

Sinopse: A situação da população masculina trans na prisão devido aos problemas de saúde causados pelo binário de gênero subjacente ao sistema penal.

VERA

Brasil, 1986, cor, 92min, 18 anos

Direção: Sérgio Toledo

Elenco: Ana Beatriz Nogueira, Raul Cortez, Aida Leiner

Sinopse: Bauer (nome de nascimento “Vera”) é um homem transexual que vive em uma instituição correcional para jovens. Com o apoio de seu mentor, um professor que reconhece seu talento como poeta, ele começa um trabalho em um centro de pesquisas. Eventualmente, Bauer se apaixona pela jovem Clara e passa a assumir sua identidade de gênero, mas com dificuldades.

Um dos primeiros retratos da transmasculinidade no cinema, o filme é baseado na vida do poeta Anderson Bigode Herzer e rendeu à Ana Beatriz Nogueira o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Berlim de 1987.

1º DE JUNHO, SÁBADO

15h30 — DEBATE: Protagonismo trans no cinema: produção e representação

Alice Marcone

Alice Marcone criou e roteirizou a série “Manhãs de Setembro” (Amazon Prime Video), roteirizou as séries “De Volta aos 15” (Netflix), “Noturnos” (Globoplay) e foi colaboradora de roteiro de “Todxs Nós” (HBO). Atuou nas três últimas séries citadas e foi protagonista dos curta-metragens premiados nacional e internacionalmente “Bonde” e “Chão de Fábrica”. Apresentou e roteirizou as duas temporadas do reality show “Born to Fashion” (canal E! Entertainment). Lançou os singles “Pistoleira” e “Noite Quente”, como cantora. Compôs também trilha sonora original da série “Toda Forma de Amor” e é intérprete da faixa “Nuvem de Lágrimas” da segunda temporada de “Manhãs de Setembro”. Foi premiada pela ABRA como “Roteirista do Ano” em 2021. Também foi jurada na semifinal do Emmy Internacional e na “Mostra Novos Rumos” do Festival do Rio em 2022.

Amara Moira

Amara Moira é travesti, feminista, doutora em teoria e crítica literária pela Unicamp e autora dos livros E se eu fosse puta (n-1 edições, 2023) e Neca + 20 Poemetos Travessos (O Sexo da Palavra, 2021). Além disso, ela é colunista do UOL Esporte e da plataforma Fatal Model. Atualmente atua como Coordenadora de Exposições, Programação Cultural e do Núcleo Educativo no Museu da Diversidade Sexual, em São Paulo.

Ian Habib

Ian Habib é artista e autor dos livros Corpos Transformacionais (HUCITEC, 2021) e Performance e Teatro (SEADUFBA, 2021). Pesquisador visitante na universidade CUNY em Nova York, EUA (2023). Professor formador e conteudista da Licenciatura em Teatro (UFBA). Professor Colaborador da Pós-Graduação em Teatro e Educação (IFNMG). Ganhou 13 Prêmios. Criou o Museu Transgênero de História e Arte.

Cássio Kelm

Cássio Kelm é diretor e roteirista formado em Direção de Ficção pela EICTV em Cuba (2014-2017). Transmasculino, vive em São Paulo. Passou por mais de oitenta festivais com quinze curtas e um longa-metragem premiados internacionalmente. É diretor da segunda temporada do reality Born to Fashion do Canal E!. Selecionado para o Berlinale Talents 2024. Membro da Associação de Profissionais Trans do Audiovisual (APTA).

Museu da Diversidade Sexual de São Paulo

O Museu da Diversidade Sexual é um museu de arte brasileiro. Foi criado em 2012, pela Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, com o intuito de difundir a cultura da população LGBT no Brasil. O museu conta com exposições temporárias e itinerantes, que percorrem outras cidades do Estado de São Paulo.

Museu Transgênero de História e Arte (MUTHA)

O Museu Transgênero de História e Arte (MUTHA) é o único museu trans do Brasil e um dos únicos do mundo. O museu foi desenhado como uma obra artística e como um conjunto de tecnologias transformacionais, ou seja, continuamente em transformação, para preservação, pesquisa, fruição e produção de acervos e arquivos para memória, produção de dados e empregabilidade cultural da população corpo e gênero variante brasileira, no país que mais a extermina.

Associação de Profissionais Trans do Audiovisual (APTA)

A Associação de Profissionais Trans do Audiovisual (APTA) fornece um núcleo central para corrigir a falta de representatividade de profissionais tanto atrás das câmeras quanto a sua frente e a deturpação de filmes realizados por profissionais cis. A ferramenta inclui uma base de dados colaborativa de artistas trans do Brasil e dos seus filmes, uma lista de festivais de cinema transgênero internacionais ativos, bibliografias de escrita acadêmica sobre cinema trans e meios de comunicação.

17h20 – Bad Theology

EUA, 2018, cor, 5min, Livre

Direção: Samira Shifteh

Elenco: J Mase III, Randy Ford

Sinopse: Um poema-coreografia sobre fé e sobrevivência à violência enquanto pessoa negra e transgênero.

Bixa Travesty

Brasil, 2018, cor, 75min, 18 anos

Direção: Kiko Goifman, Claudia Priscilla

Elenco: Linn da Quebrada, Jup do Bairro, Liniker de Barros

Sinopse: O corpo político de Linn da Quebrada, cantora transexual negra, é a força motriz desse documentário que captura a sua esfera pública e privada, ambas marcadas não só por sua presença de palco inusitada, mas também por sua incessante luta pela desconstrução de estereótipos de gênero, classe e raça.

20h – TOMBOY

França, 2011, cor, 84min, 10 anos

Direção: Céline Sciamma

Elenco: Zoé Héran, Jeanne Disson, Malonn Lévana, Sophie Cattani, Mathieu Demy

Sinopse: Laure se muda para outro bairro e conhece Lisa, que a confunde com um garoto. Logo, ela adota a identidade de Mickaël, que, somado à amizade, gera questionamentos.

2 DE JUNHO, DOMINGO

18h – ARIBADA

Colômbia, Alemanha, 2022, cor, 30min, 10 anos

Direção: Simon(e) Jaikiriuma Paetau, Natalia Escobar, Zamanta Enevia

Elenco: Doris Nembaregama, Zamanta Enevia, BeronigaTascon, Emilce Aizama, Andrea Nembaregama, Katy Tuave, Bella Wuasorna

Sinopse: Em plena região cafeeira colombiana, Aribada, o monstro ressuscitado, conhece Las Traviesas, um grupo de mulheres trans indígenas das tribos Emberá. O mágico, o onírico e o performativo coexistem no seu mundo único – um universo estético e espiritual em que o documentário e a ficção se fundem numa narrativa transcultural. Encantado pela beleza e poder dos seus jais (espíritos), Aribada decide juntar-se a Las Traviesas na criação da sua própria comunidade trans*futurista.

TRANSAMAZONIA

Brasil, 2019, cor, 75min, 16 anos

Direção: Renata Taylor, Débora Mcdowell, Bea Morbach

Elenco: Melissa Gabriela, Marcelly Roberts

Sinopse: Melissa é uma mãe de 21 anos, universitária e vive no sudeste do Pará. Marcelly, aos 35, está desempregada e mora com a família no interior do Amazonas. Elas são travestis que vivem em pontos distintos da Rodovia Transamazônica, território onde o desenvolvimento prometido nunca chegou.

20h – O ESBOÇO (L’esquisse) 

França, 2023, cor, 9min, 16 anos

Direção: Tomas Cali

Elenco: Linda DeMorrir

Sinopse: Chegando em Paris, começo a aprender duas línguas, francês e desenho. No ateliê de um artista, conheço Linda Demorrir, uma modelo viva. Assim como eu, ela é transgênero e imigrante. À medida que esboço os seus contornos, sou também eu quem aprendo a desenhar.

O FUNERAL DAS ROSAS (薔薇の葬列 Bara no sôretsu)

Japão, 1969, cor, 105min, 18 anos

Direção: Toshio Matsumoto

Elenco: Peter, Osamu Ogasawara, Yoshio Tsuchiya, Yoshimi Jo, Koichi Nakamura, Toyosaburo Uchiyama

Sinopse: Tóquio, anos 60. A nova estrela do Bar Genet é a ícone travesti Eddie, cuja confiança ameaça a madame do local, Leda, mas atrai Gonda, o dono do bar, a colocando em uma perigosa intriga.

Apresentado em versão restaurada, O funeral das rosas é uma obra fundamental da Nouvelle Vague Japonesa e do cinema LGBTQIA+. Esta releitura original de Édipo Rei influenciou diretamente o clássico Laranja Mecânica de Stanley Kubrick. O diretor Toshio Matsumoto dobra e distorce o tempo como Resnais em O Ano Passado em Marienbad, criando uma obra original e marcante na história do cinema mundial.

CINEMATECA BRASILEIRA

A Cinemateca Brasileira, maior acervo de filmes da América do Sul e membro pioneiro da Federação Internacional de Arquivo de Filmes — FIAF, foi inaugurada em 1949 como Filmoteca do Museu de Arte Moderna de São Paulo, tornando-se Cinemateca Brasileira em 1956, sob o comando do seu idealizador, conservador-chefe e diretor Paulo Emílio Sales Gomes. Compõem o cerne da sua missão a preservação das obras audiovisuais brasileiras e a difusão da cultura cinematográfica. Desde 2022, a instituição é gerida pela Sociedade Amigos da Cinemateca, entidade criada em 1962, e que recentemente foi qualificada como Organização Social.

O acervo da Cinemateca Brasileira compreende mais de 40 mil títulos e um vasto acervo documental (textuais, fotográficos e iconográficos) sobre a produção, difusão, exibição, crítica e preservação cinematográfica, além de um patrimônio informacional online dos 120 anos da produção nacional. Alguns recortes de suas coleções, como a Vera Cruz, a Atlântida, obras do período silencioso, além do acervo jornalístico e de telenovelas da TV Tupi de São Paulo, estão disponíveis no Banco de Conteúdos Culturais para acesso público.

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