Para realizar sonho de filho com paralisia cerebral, mãe se formou em direito
João Gabriel queria ser advogado desde pequeno
Soraia Assis dos Reis é mãe de João Gabriel, de 36 anos. Ele nasceu com paralisia cerebral. Os dois se formaram em direito após João ingressar na faculdade em 2010. Tudo começou porque ele tinha o sonho de fazer uma graduação.
Ela conta que o filho sempre teve auxilio nas escolas, porém quando entrou na faculdade a família ficou preocupada em como seria o acompanhamento dele nas aulas.
“O João Gabriel sempre quis fazer uma faculdade, ele fez o ensino médio e até então ele tinha alguns ajudantes e foi muito difícil chegar até ali. Quando ele foi para a faculdade foi uma preocupação gigante, pois como iria fazer? Começou uma pessoa a ir, um filho, uma nora e não deu certo. Então eu tive que começar frequentar as aulas com ele. Eu gravava o curso para ele, porque a área do direito tem muita escrita e o João ficava olhando para ver se eu não escrevia nada errado”, explica Soraia.
O sonho da mãe em ver o filho formado começou a tomar forma. Ela conta que mesmo com as dificuldades sempre foi muito firme em suas decisões.
“Eu sempre coloquei uma meta. Não só para mim, mas também para os meus filhos. Eu pensava neles pequenos e daqui a 10 anos o que aconteceria. E dentro de toda dificuldade que nós tínhamos financeiras, eu realmente não medi esforços. Eu conheço mães que não mediram esforços”, diz.
João trabalha atualmente e já resolve casos. Soraia conta que trabalha como assistente do filho e que ele é bem rígido. Ela se sente muito orgulhosa pelas conquistas do filho.
“Eu me sinto realizada em ver o João determinado, ter passado na OAB e ali começou uma outra fase da vida dele. Não era só fazer direito e ficar sentado. Era trabalhar, conquistar clientes, fazer cursos. Isso desperta em mim a vontade de viver mais. Isso desperta em mim felicidade”, explica.
Questionada sobre qual mensagem gostaria de dizer a outras mães que tem filhos com deficiência, Soraia disse que:
“O medo do mundo ele é uma constante e nós só vencemos o medo passado por ele. Então para as mães que tem filho PCD, seja qual nível, o João é grau 4, mas tem os mais graves os mais leves, os autistas, Síndromes de Downs, então essas mães elas são muito fortes. Eu quero dizer para elas não desista, nem quando eles forem adultos. Se eles foram entregues para nós eles são nossos.
Ao final da entrevista, João Gabriel só disse uma coisa para a mãe:
“Obrigado, mãe, por tudo”.
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