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Kathlyn vence barreiras sociais e passa em Universidade Federal no curso de Química

A jovem de 18 anos passou por uma depressão aos 12 anos e enfrentou o abandono parental

Por Portal Aqui Vale
Foto: Foto: Arquivo Pessoal

A estudante Kathlyn Elizabeth Meireles de Oliveira, 18 anos, não teve uma trajetória de vida fácil. Através de muita persistência e empenho a jovem de São José dos Campos rompeu barreiras sociais, econômicas, raciais e entrou para o curso de Química na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O estudo sempre foi visto pela Kathlyn como o caminho para transformação de vida. O exemplo vinha de casa. Sua avó criou dois filhos sozinha, mas não desistiu dos estudos, o último curso que ela fez foi finalizado aos 64 anos.

Criada pela mãe solo após a separação e abandono do pai quando Kathlyn tinha dois anos, a família passou por algumas dificuldades financeiras.

“Já teve algumas vezes que ela (minha mãe) pegou latinha pra comprar o leite e o pão que faltava em casa. As mulheres da minha casa sempre foram muito independentes principalmente minha vó que criou dois filhos sozinhas”, explica Kathlyn.

Matriculada em escola pública desde pequena, no último ano do ensino médio Kathlyn ganhou uma bolsa de estudos em uma escola particular de São José dos Campos.

Foi através da Professora e Doutora em física do ITA (Instituto de Tecnológico de Aeronáutica), Sônia Guimarães, que apresentou Kathlyn a idealizadora do Projeto Integrar Brasil, Silvia Mirtes. O Instituto existe há 20 anos e tem ajudado crianças e adolescentes através da inclusão social pela educação. (confira a entrevista com Silvia Mirtes).

“Conheci a Doutora Sônia em uma palestra sobre mulheres negras e caribenhas e me encantei em tudo na história dela, virei sua fã número um. Depois de alguns anos eu mantive contato com ela. Foi minha grande inspiração, principalmente como mulher negra e cientista, o que é extremamente lindo, visto que, nós minorias não temos cargos tão altos na sociedade e ao ver a história de uma mulher negra, professora no ITA, formada também no exterior e primeira doutora em física é incrível!”, diz Kathlyn.

O amor pela química surgiu no cursinho pré-vestibular. Kathlyn chegou a fazer curso técnico em química no CEPHAS, porém teve que trancar o curso pois não estava conseguindo focar nos estudos do ensino médio, “foi uma decisão muito complicada, porém era o melhor a se fazer”, disse.

No colégio particular ela conta que enfrentou algumas dificuldades com o conteúdo.

“Os alunos sabiam de muitas coisas consideradas ‘básicas’ que eu nunca tinha estudado e isso dificultou muito minha passagem pela escola. Nunca tirei nota máxima nas matérias de exatas e fiquei de recuperação todo o ano letivo chegando a entrar para o conselho final. Pensei se eu iria concluir ou não o ensino médio”, explica.

Kathlyn disse que a diretora, a administradora e professores sempre acreditaram ela e ofereciam muito apoio para que ela não desistisse, “talvez se não fosse pelas conversas com elas eu não estaria aonde estou”.

Após prestar vestibular em Química na UFRJ, entrando na ampla concorrência, Kathlyn estava desacreditada sobre cursar uma universidade, “já estava aceitando que ficaria aqui em São José trabalhando ou algo do tipo, porém em um dia de noite resolvi ver o site da UFRJ por curiosidade e ao ver o meu nome eu tive um surto, estava na casa da minha vó e acordei ela aos berros dizendo que eu estava na federal. No mesmo instante eu liguei pra minha mãe e contei a novidade. Nós três estávamos muito felizes. Foi uma sensação maravilhosa, de longe foi a melhor sensação da minha vida”, explica Kathlyn.

Ela conta que passar em uma Universidade Federal simboliza uma vitória em sua vida. A garota que passou por uma depressão aos 12 anos, enfrentou o abandono parental e diversas outras situações a fazem olhar para trás e se impressionar de ainda estar viva.

“Nós pessoas pretas estamos a margem da sociedade e mulheres negras estão mais ainda. Eu como mulher negra, pobre e periférica não tive as oportunidades que muitas pessoas brancas com classes sociais altas tem, eu e minha mãe tivemos que batalhar muito pra conseguir estar onde estamos, conheço muitas pessoas mulheres pretas que já perderam a esperança ou estão tentando a todo o custo tem uma vida digna e ao entrar na melhor universidade federal do Brasil quero mostrar pra elas que é possível sim mudar de vida, o que falta para nós pretos é oportunidade, pois ao nascer preto você já nasce lutando, você já nasce sendo alvo na sociedade racista. Hoje eu tenha a oportunidade de levantar a cabeça e dizer que eu sou uma mulher negra, futura cientista e que estuda na federal. Meus ancestrais brigaram para ter um lugar na sociedade, eu vou continuar essa briga e meus futuros filhos também irão afirmar seu local na sociedade. Eu venci!”.

Ela se prepara para se mudar para o Rio de Janeiro e começar a universidade no segundo semestre deste ano.

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4 Comentários em “Kathlyn vence barreiras sociais e passa em Universidade Federal no curso de Química”

  1. Anônimo disse:

    conheço os familiares dela anos e sei bm da luta da família ,q inspiração ,q espetáculo e de familiares apoiadores e nossos futuros jovens precisa,tô MT feliz por ela pela família e pela mãe solo , sonhos tornando em realidade isso e uma Benção de Deus , felicidades e sucesso sempre ,vc não lembra de mim
    ,te conheço desde barriga da sua mãe lindaaaa vossa doutora ,me emocionei lendo sua entrevista

  2. João Antônio Pinto disse:

    parabéns você é uma grande inspiração para tantos outros jovens,felicidades futura doutora.

  3. Harrison disse:

    INCRÍVEL PARABÉNS

  4. Ana Paula disse:

    Que matéria inspiradora, obrigada.

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